the seven kingdoms
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[DIY] There's no turning back

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Mensagem por Abby Olive Black Sáb Abr 04, 2020 7:58 pm
A missão de nível médio conta com a participação de Abby Olive Black e foi autorizada por Caspian.


Última edição por Abby Olive Black em Dom Abr 05, 2020 1:45 am, editado 1 vez(es)
Abby Olive Black
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Abby Olive Black

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Mensagem por Abby Olive Black Dom Abr 05, 2020 1:45 am
[20 de dezembro de 2020]


Abigail tinha o telefone preso entre seu ouvido e o ombro enquanto caminhava em passos apressados até o seu carro, estacionado logo em frente a entrada do seu restaurante favorito. Tinha passado a última hora e meia em uma entrevista com o chefe dos bombeiros de Palo Alto e agora encontrava-se atrasada para a sua consulta médica. Estava tentando ligar para o marido para avisar do seu atraso, mas o telefone dele ia direto para caixa de mensagem.

Desculpe por estar atrasada, mas o Capitão Forbes não me dava uma resposta decente. — Abigail disse para o serviço de mensagens, procurando a chave do carro em sua bolsa — Estou saindo do restaurante agora, devo chegar no consultório em vinte minutos.

A ligação foi encerrada no mesmo momento em que os dedos de Abigail fecharam-se ao redor do metal gelado de suas chaves, puxando-as para fora da bolsa. Por um momento, a jovem se atrapalhou com as chaves e o celular e, por fim, as chaves acabaram no chão.

Merda. — ela balbuciou.

Abigail abaixou-se para pegar as chaves, mas a grande protuberância em sua barriga não permitiu que esse trabalho fosse fácil. Em seus oito meses de gestação, quase na reta final, haviam muitas coisas que Abigail não conseguia fazer devido a sua mobilidade e abaixar e levantar estava entre as principais delas. Com um pouco de trabalho, a chave estava em suas mãos e ela dentro do carro, deixou o celular ao lado do banco traseiro e deu a partida no veículo.

O telefone tornou a tocar. O identificador de chamadas informou que se tratava do pai de Abigail e ela atendeu quase que prontamente. Nas últimas semanas Edward tinha mergulhado de cabeça em seu novo projeto do trabalho e era quase impossível entrar em contato com ele, então, sempre que ele ligasse, Abigail simplesmente teria que atendê-lo.

Oi, pai. — ela o saudou, sem tirar os olhos do trânsito.

Abby, você precisa vir para casa agora mesmo. — Edward disse, a sua respiração parecia pesada e sua voz estava apressada — Você precisa ficar...

Abigail franziu o cenho quando a voz do seu pai foi cortada por ruídos do outro lado da linha. Parecia como se ele tivesse deixado o celular cair no chão. Continuou ouvindo alguns ruídos de fundo enquanto chamava o pai, tentando entender o que estava acontecendo até que a ligação foi encerrada. A jovem repórter aproveitou que parou em um sinal vermelho para tentar retornar a ligação, mas não teve sucesso. A ligação caía direto na caixa de mensagem.

A ligação e a mensagem do seu pai martelavam a cabeça de Abigail quando o sinal ficou verde e ela começou a acelerar o carro. Depois disso, a última coisa que se lembra foi uma buzina e a escuridão lhe dominou completamente.


Abby Olive Black
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Abby Olive Black

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Mensagem por Abby Olive Black Dom Abr 05, 2020 10:35 pm
[22 de dezembro de 2020]


Abigail acordou porque estava com frio. Essa foi a primeira sensação que dominou o seu corpo quando ela abriu os olhos, em seguida, ela parecia consciente de cada aspecto do seu sistema nervoso e tudo parecia machucado, protestando de dor. Parecia como se todo o seu corpo estivesse sido esmagado por um tanque de guerra.

O som contínuo de um bip despertou o interesse de Abigail e a obrigou a abrir os olhos, principalmente quando o cheiro incômodo dominou os seus sentidos. Ela estava em um quarto de hospital, com todos os aparelhos e tubos saindo de si. O desespero começou a tomar conta da repórter enquanto ela tentava lembrar do que tinha acontecido e como tinha acabado ali.

De repente, outro pensamento lhe dominou, um ainda mais doloroso do que qualquer ferimento que pudesse estar sentindo em seu corpo. Os olhos desviaram-se dos aparelhos e da decoração do quarto de hospital e se concentraram onde costumava a estar a protuberância em sua barriga, o seu bebê. A elevação não estava mais lá, moveu as mãos para tocar a própria barriga, mas não havia nada além de excesso de pele. O seu bebê não estava mais ali e também não havia sinal dele em seu quarto.

Estava prestes a gritar por alguém quando a figura de aparência cansada do seu marido passou pela porta, esfregando os olhos com uma das mãos enquanto a outra trazia consigo uma embalagem de café para a viagem. Ele não parecia mais aquele homem que estampava as capas de revistas, parecia mais outra pessoa que tinha sido esmagado por um tanque de guerra.

Haziel não fazia uso dos característicos ternos, tampouco parecia alguém que tinha tomado um banho decente nos últimos dias. Ele vestia apenas uma simples camiseta verde que, o conhecendo como conhecia, Abigail sabia que deveria ser uma das únicas que ele possuía entre as suas outras roupas e uma calça jeans. Os cabelos estavam afastados dos olhos azuis, claros como o céu depois de uma tempestade, mas as grandes olheiras embaixo deles revelavam tanto a Abigail quanto a postura derrotada que ele trazia em seus ombros.

Abby, graças aos Céus, você acordou. — ele disse, apressando seus passos para estar ao seu lado na cama, segurando sua mão — Estive tão preocupado...

Haz, onde está o nosso bebê? — Abigail perguntou, a voz falhando pela falta de uso — O que aconteceu?

Os olhos de Haziel encheram-se de lágrimas não derramadas e ele puxou a cadeira disposta ao lado da cama mais para perto de si, sentando-se ainda sem largar as mãos da esposa. Abigail não precisou que ele lhe disse mais nada, a expressão dele lhe dizia que o pior pensamento que tinha cruzado a sua mente desde que acordou era real e concreto. O seu bebê não estava mais ali.

Algo pareceu se dilacerar dentro de si. Nenhuma dor era tão real quanto aquela que cortava o seu peito e tornava o simples ato de respirar tão árduo que parecia um desafio. As lágrimas de Abigail não poderiam mais ser contidas, muito menos os gritos que deixavam os seus lábios sem ela sequer estar ciente de que fazia isso. Em outras circunstâncias, ela estaria quebrando tudo que tinha ao seu alcance, tentando exprimir aquela dor tão exorbitante através da destruição de qualquer objeto, mas a dor que sentia era tão incapacitante que Abigail mal conseguia se mover e isso não tinha nada a ver com os aparelhos médicos em que estava presa.

Em algum momento em meio a sua dor, Haziel tinha largado suas mãos e abraçado o seu corpo, o que permitiu que Abigail estivesse deitada contra o seu peito, deixando que as lágrimas caíssem direto contra a camiseta do marido, enquanto as dele também vinham a banhar o próprio rosto.



As persianas entreabertas do seu quarto no hospital permitia que filetes dos raios de sol entrassem, banhando o ambiente com a luz solar do fim da tarde. Abigail tinha os olhos fixos em nenhum ponto específico acima da bandeja de comida disposta sobre o suporte em sua cama, completamente sem apetite. Ela podia sentir o olhar preocupado de Haziel mesmo que ele estivesse fora do quarto, no corredor, em uma ligação que Abigail não poderia se importar menos sobre o que se tratava.

A única coisa com o que ela se importava era o seu bebê e ele estava morto.

Haziel tinha lhe explicado sobre o acidente. Sobre como um motorista havia furado o sinal, obrigando outro a desviar do seu carro e jogar o próprio contra o de Abigail. Sobre como o carro tinha atingido o seu pela lateral, do lado do motorista e que, na realidade, os médicos disseram que ela tinha tido sorte. Tinha sofrido apenas alguns arranhões com os estilhaços do vidro e tinha quebrado o seu braço, não teria precisado de cirurgia.

Mas com o bebê, a história tinha sido diferente. Tudo o que poderia dar errado, havia dado. O trauma havia forçado o parto, ainda quando Abigail era retirada do carro pelos paramédicos, o que ela veio a descobrir que significava que seu filho havia nascido entre os destroços do acidente e acabou não resistindo a viagem até o hospital.

Haziel tinha visto o bebê e lhe garantiu que era o menino mais bonito que existiu. Tinha poucos fios de cabelo e estes eram pretos como os dele, mas o marido lhe garantiu que o queixo e as maçãs do rosto eram totalmente dela. O melhor de mim e você, Haziel lhe disse em um sussurro, a testa contra a de Abigail ele era perfeito.

E sequer haviam lhe dado um nome. Thomas, Abigail sempre tinha pensado em chamá-lo de Thomas, mas ela e Haziel tinham concordado em esperar para ver como ele seria antes de nomeá-lo. Agora, ele tinha morrido e não tinha um nome. E sua própria mãe nunca tinha visto seu rosto, o carregado no colo e segurado sua pequena e perfeita mão. Ele era seu e tinha ido.

Abby, — a voz de Haziel era gentil quando ele voltou para o quarto. O celular em uma de suas mãos enquanto a outra estava em seu bolso — nós estamos tentando falar com seu pai desde o acidente. Não há o menor sinal dele.

A cabeça de Abigail se ergueu na direção do marido. Lembrava-se da ligação do pai e ela mesma tinha pego o celular de Haziel para tentar entrar o contato com ele; também sem sucesso. Tinha pedido para Harry ir até a sua casa e encontrá-lo. Não tinha forças dentro de si para mais nada. O luto, a dor da perda, a consumia por inteira.

Vá embora, Haziel. — Abigail disse apenas, virando-se para a janela. O sol estava quase se pondo.

Haziel se aproximou da cama, a sua mão buscando tocar a sua perna. Abigail fugiu do seu toque.

Abby, você passou por um trauma muito grande. — Haziel disse — Você não está pensando com clareza.
Abigail riu, exasperada.

Eu não estava pensando claramente quando resolvi ter um bebê. — ela respondeu — Era óbvio que eu iria perder o meu filho em um acidente de carro. Foi assim que perdi minha mãe, não foi? Nós não deveríamos nem mesmo ter começado a sair para início de conversa. Eu não pertenço ao seu mundo e você não pertence ao meu. Vá embora.

Haziel lhe deu as costas e foi embora.
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